EDUCACÃO ESCOLAR

Antigamente, quando se pensava em Educação escolar, muitos pensavam em princípios, posturas e conhecimentos fundamentais. Pode parecer pouco, mas não é.

Hoje, Educação escolar tem sido muito pensada como escolha de teoria (no singular) de ensino e como ferramentas e métodos de ensino. Pensam em paradigmas sociais como meio ambiente e técnicas de procedimentos. Parece pouco, e é pouco.

Hoje, detalhes de conhecimento migraram de nossas memórias para computadores. O medo está mais na destruição do planeta e não na destruição de próximo ou de si mesmo. As transformações focam mais nas máquinas do que nos seres humano.

Embora se fale muito em conexões e interdisciplinaridade, pouco se avança na capacidade de aproveitar debates entre opostos. Os algoritmos canalizam os similares, como bem frisou o Edriano Campana. Assumir o oposto como parceiro exige força, competência, humildade, honestidade e coragem.

Princípios, embora muitos assumam como fixos, imutáveis, não são mais do que ideias regadas por valores (também são ideias). Tais ideias são plásticas e passíveis de mudança. Porém, vêm de informações temperadas por reflexões de ética e honestidade, assim modulando a plasticidade.

Posturas são expressões factuais guiadas por princípios e valores, em meio a várias informações do cotidiano individual. É a ação que exprime essências, conscientes ou não. Bons princípios e valores exigem boas posturas. Isoladamente nenhum deles desvenda o essencial. A coerência entre eles que diz quem realmente somos.

Conhecimento fundamental é o que explica detalhes, e não o contrário. Em cada disciplina, ampla ou restrita, haverá sempre o conhecimento mais geral, a partir do qual entendemos os detalhes. Hoje os detalhes podem ficar nos computadores, mas sem as bases gerais de conhecimento, sequer endenderíamos informações específicas. Isso não prescinde do conhecimento profundo. Cada cidadão deve conhecer ao menos um tema em grande profundidade, e muitos outros temas apenas em suas bases fundamentais. O conhecimento profundo num setor lhe dá humildade para saber lidar com o conhecimento fundamental em outro setor. Afinal, a pessoa terá referencial para diferenciar superficial de profundo em qualquer setor.

Por isso, a Educação deve trazer esses três componentes. Isso requer convívio com a Filosofia, mas não com a pregação ideológica. Requer também o zelo pela coerência entre princípios e ações (posturas). E, da gama de conhecimentos específicos sobre o mundo, requer apenas o fundamental que habilita o cidadão a aproveitar a impensável gama de informações hoje disponível para uma grande maioria de pessoas.

Educadores bem formados não precisam de manuais do MEC (i.e., conteúdos programáticos detalhados). Bastariam temas gerais a serem desenvolvidos. E o que regularia a homogeneidade educacional num país continente? A qualidade dos professores regularia os detalhes. Quer regular algo? Zele por essa qualidade.

 

[Texto originalmente publicado no LinkedIn de Gilson Volpato]

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