SOBRE CIÊNCIA, PÓS-MODERNISMO E PSEUDOCIÊNCIA

Por Gilson Volpato

 

Em todas as áreas, onde pode haver Ciência, deve haver Ciência e de qualidade, como respeito à população e necessidade prática do ser humano. Teorias de relativismo filosófico têm sido usadas por pseudocientistas de forma leviana, superficial e extremada para entregarem “nadas” para uma população que necessita das respostas mais adequadas do momento.

Enquanto os objetivos da Filosofia e da Arte estão mais para levantar problemas do que trazer respostas, a Ciência visa dirimir problemas trazendo respostas. Em sua curta história, tem mostrado quantas e quantas dúvidas foram esclarecidas pela Ciência para entendermos o que é o mundo e como ele funciona. Evidentemente, partes materiais e imateriais estão incluídas nesse mundo, assim como o ser humano é parte dele e, obviamente, foco dos estudos científicos.

Nem os problemas filosóficos são eternos e nem as respostas científicas são perenes. Sabem por quê? Exatamente porque a percepção humana e nosso raciocínio são eternamente limitados para falarem de um mundo extremamente imenso e incógnito, material e imaterial.

A imaginação humana é extremamente maior que a razão lógica; afinal, eliminar limites e inventar coisas não tem limites; trazer respostas que funcionem na prática tem limites claros impostos por essa prática e, assim, exigem conhecimento mais cuidadoso. Inventar teorias que incluam suposições ad hoc é extremamente mais fácil do que inventar teorias que tragam novidades e, mesmo assim, se coadunem com uma vasta gama de fatos e conhecimentos que ainda não puderam ser negados.

Imaginar buracos negros, curvaturas do universo, bósons e mecanismos de processos mentais e sociais podem parecer elucubrações descabidas. Porém, quando essas entidades são factualmente detectadas no futuro, calam-se os críticos do método explicativo que funcionou e desviam rapidamente a conversa para outro foco. E sempre estarão usando, de alguma forma, produtos da Ciência (alimentos, utensílios, conceitos etc.) para sua própria conveniência, mas ainda criticando a própria Ciência que permitiu tudo isso. Tais negações do óbvio é desonestidade intelectual. Em outras palavras, imaginar explicações para o que não pode ser contrastado com evidências é fácil. Mas quando as evidências surgem no futuro, mesmo que longínquo, os desonestos desviam a atenção para outras questões que, obviamente, não podem ser ainda contrastadas com fatos interpessoais (no mínimo, entre especialistas). Criticar e discutir são elementos essenciais para qualquer ser humano. Porém, saber fazer isso exige estudo, boa vontade, capacidade e honestidade.

Quando áreas científicas alegam “mas na nossa área é diferente”, estão geralmente negando o óbvio para manterem o impossível. Os sujeitos/objetos de estudo não determinam diferentes Ciências. O pensamento científico é muito mais transversal do que isso. As explicações sobre os comportamentos humanos, da Psicologia à Sociologia e da Biologia a quaisquer outras áreas das Humanidades, estão regidas pelos mesmos problemas epistemológicos e soluções lógicas que o cérebro humano consegue utilizar coerentemente. A Ciência cresceu e se desenvolveu com coragem para questionar, mudar e melhor incorporar seus procedimentos sempre que equívocos de pensamento eram detectados. E todo o entendimento que temos hoje sobre as coisas do mundo, sejam abstratas ou factuais, vem desse processo evolutivo metodológico. Criticar tal processo com base em sua origem equivocada e ignorar seus avanços metodológicos é mostrar má intenção ou pura ignorância disfarçada de crítica. Significa assumir um determinismo sem cabimento que imagina que “pau que nasce torto morre torto”. De forma contraditória, é contra tal determinismo que tais críticos investem, mas é dele que se nutrem nesses casos.

A pseudociência, particularmente aquela dentro da academia científica, se nutre dos problemas que levantei acima. Porém, quando os problemas reais caem sobre nossas cabeças (doenças físicas ou mentais, questões de engenharia, de educação, ambientais, sociais etc.), desde que adequada ao método científico, quem as resolve é a Ciência que comentei.

O fato de que nem tudo do mundo possa ser explicado pela Ciência não implica que o que ela explique em seu escopo seja falho. Questões metafísicas e místicas devem ser resolvidas de outras formas e disso eu não tratei. Questões de valores são tratadas pela Ética, um campo da Filosofia que cuida não necessariamente das descobertas científicas, mas que examina o agir perante as coisas que temos e conhecemos. Se o ser humano não tem conseguido aproveitar as coisas da Ciência para o bem da humanidade, a carência não é de Ciência, mas de bases filosóficas e humanísticas em seus sentidos mais amplos. Espero que as questões levantadas neste breve texto possam servir de pontos para reflexões importantes para o posicionamento humano sobre o mundo.

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